30.4.20

A Gaffe procura casa



Provavelmente a Gaffe pandémica amadureceu, envelheceu, senilizou e passou a acreditar que uma planície menos verdejante, mais seca, mais despojada, saudavelmente mais pirosa, absolutamente Barbie, repleta de detalhes inúteis, fúteis, superficiais e soltos das subtis amarras que se iam apertando à medida que as interacções surgiam e as rotinas se estabeleciam, seria uma forma de respirar o que os entendidos reportam como nova normalidade.

Mais fria e é seguro que muito mais longínqua, esta plataforma surge como hipotético novo albergue desta rapariga que sempre se quis superficial e poderá refrescar e iluminar os sombrios passeios que ultimamente se iam palmilhando.

É uma decisão estranha - sobretudo tendo em consideração que esta rapariga foi outrora lindamente mimada na anterior plataforma -, mas que foi crescendo até se tornar uma inevitabilidade.

Não é de todo certo que seja um abandono batráquio. É apenas uma outra hipótese, uma nova experiência já tacteada - mas que ficou por cuidar -, algures no tempo passado e em momento de spleen.

A Gaffe deixa de contar com a habitual amabilidade das suas visitas e torna-se mais solitária. Tendo em conta que a solidão é também um dos refúgios dos tímidos, é seguro que a Gaffe espera encontrar aqui pelo menos um exército.