Convenceram-me e eu fui.
Não devia.
Empurram as minhas razões para dentro de uma t-shirt com um passarito estampado e enfiaram as minhas desculpas numas calças largas de algodão fresco desmazelado.
Arrastaram-me.
Devia ter fugido no momento em que se distraíram a escolher o KATRAPUMBA. Havia algumas variantes e o tempo dispensado à atenta selecção permitia escapar pelas frinchas da concentração alheia, se conseguisse desatar a correr. Infelizmente não corro, nem atrás do autocarro.
A aula provavelmente era de Zumba, mas podia ser de Kizomba, Bumba, Rumba, Tumba, ou mesmo um ritual primitivo de celebração das divindades pagãs, todas juntas, melífluas e trovejantes.
Arrastaram-me.
Devia ter fugido no momento em que se distraíram a escolher o KATRAPUMBA. Havia algumas variantes e o tempo dispensado à atenta selecção permitia escapar pelas frinchas da concentração alheia, se conseguisse desatar a correr. Infelizmente não corro, nem atrás do autocarro.
A aula provavelmente era de Zumba, mas podia ser de Kizomba, Bumba, Rumba, Tumba, ou mesmo um ritual primitivo de celebração das divindades pagãs, todas juntas, melífluas e trovejantes.
À minha volta apenas mamas desarvoradas, a balançar mesmo apertadas; uma senhora que se espancava com as dela; um homem que segurava as dele enquanto deixava o resto oscilar; pernas e pés pelo ar, a ameaçar disparar as sapatilhas; gente a abanar, a pinchar, aos pulos; pilas todas contentes aos saltos prontas a atingir os olhos dos parceiros; rabos ensandecidos mascarados de Zorro; fios dentais nos dentes de trás e TUMBA-KATRAPUMBA-KATRPUMBA-TUMBA-TUMBA-TUMBA-KATRAPUM-PUM-PUM-PUMBA-PUMBA-KATRAPUMBA, a música que só de ouvir já emagrece.
No estrado, uma jovem, tão jovem, que jovem era, vestida de wonder-woman, com um micro encastrado e mamilos de fora do fato protector, tentava sobrepor-se àquela sublevação de incendiados, incentivando as filas tresloucadas.
- ‘BORA LÁ, PESSOAL! UM-DOIS-TRÊS PARA FRENTE! TRÊS-DOIS-UM, LATERAL!!!
Estarrecida, enfiada cá atrás, entre uma senhora desfeita em banha, quase frita, quase a asfixiar e prontinha a sofrer uma apoplexia, e um balde de suor que tinha sido um cavalheiro, tentava manter a sanidade, abanando o rabiosque e protegendo as maminhas, no espaço que me cabia em sorte.
TUMBA-KATRAPUMBA-KATRPUMBA-TUMBA-TUMBA-TUMBA-KATRAPUM-PUM-PUM-PUMBA-PUMBA-KATRAPUMBA-TUMBA-TUMBA...
A mulher é brasileira.
Não! Ela explica.
- NÃO QUERO OFENDER OS BRAZUCAS DA MINHA AULA! SOU ASSIM. DE VEZ EM QUANDO É ISTO! PRONÚNCIA BRASILEIRA PARA DAR FORÇA. TAMBÉM FAÇO A DE VIJEU E A DO PUARTUUUU!!!!
TUMBA-KATRAPUMBA-KATRPUMBA-TUMBA-TUMBA-TUMBA-KATRAPUM-PUM-PUM-PUMBA-PUMBA-KATRAPUMBA…
- EU SOU COMO O EÇA E OS SEUS HOMÓNIMOS. ‘BORA LÁ, PESSOAL!
KATRAPUMBA.
O que me salvou foi a Tinoco que terminou a aula. Para acalmar que a moça é pacata.