Foi o silêncio absoluto da sala que me fez ouvir o imperceptível movimento.
Tinham-no descrito algures, num livro que falava de uma rosa branca que, partida, tomava sobre a mesa, mas o episódio lido passou impune, misturado com outros a que atribuí maior importância. Pensava que uma rosa branca que se solta do caule e cai sobre uma toalha, tem esperada beleza e que por isso é de inevitável comoção. Mas o silêncio da sala reproduziu, de modo fiel se ousarmos substituir a rosa por uma flor qualquer de que não sei o nome, mas que é marfinada, o momento descrito em que também o silêncio foi cúmplice.
A flor partiu com um timbre no formato de uma faca, desceu e depois de um rodopio curto estancou de cálice invertido sobre a mesa.
Foi um movimento de tal forma claro, de nitidez tão fria, que me senti a ouvir o instante em que a flor quebrou, o estalido breve que me fez lembrar a forma de um bisturi, o ruído impossível da queda e o da chegada ao tampo da mesa em que rolou devagar como quem toca em algodão e ouve o rosnar da fricção por entre os dedos.
O som deste movimento incluído no silêncio, desarranjou-o, alterando-lhe o breve sabor a morte que todos os silêncios trazem dentro.
A flor partiu com um timbre no formato de uma faca, desceu e depois de um rodopio curto estancou de cálice invertido sobre a mesa.
Foi um movimento de tal forma claro, de nitidez tão fria, que me senti a ouvir o instante em que a flor quebrou, o estalido breve que me fez lembrar a forma de um bisturi, o ruído impossível da queda e o da chegada ao tampo da mesa em que rolou devagar como quem toca em algodão e ouve o rosnar da fricção por entre os dedos.
O som deste movimento incluído no silêncio, desarranjou-o, alterando-lhe o breve sabor a morte que todos os silêncios trazem dentro.
Dentro do silêncio que voltou depois, percebi então que talvez todas as vidas não sejam mais do que a procura do som do movimento em direcção à morte.
