lavadeira do Douro |
Contam anedotas e escondem o rosto e as gargalhadas com lenços ou xailes.
Chegam da lida e à lida voltam que devem espalhar toalhas sobre as mesas e servir os homens que ficam para trás. Pão quente e vinho, enchidos e carnes cozidas, batatas e sopa.
Voltam mais cedo elas, unidas, todas as Sextas-feiras no terreiro.
Não gosto de nenhuma. Invejo todas.
Porque gargalham as gralhas e porque trazem aventais floridos; porque contam anedotas sujas e felizes; porque nos seus meneios acanhados existe o cheiro a terra, a esterco, a suor e a sexo já maldito por rezas que rumorejam quando o fazem; porque arrostam as lidas sem cansaços e se arrojam aos cornos das enxadas; porque sabem de cor o que é um almude e desdenham daquilo que não sabem; porque se aprumam frente a eles, aos que para trás ficaram, mas que hão-de vir para comer os cozidos que elas fazem e porque me dizem que mesmo assim, colhidas pela vida, conseguem ser felizes.