O envelhecer do meu pai torna-o deslumbrante. Branco e esguio, magro, cada vez mais magro, cada vez mais longe e mais pacífico. Uma haste erguida frágil no sossego dos caminhos ou um livro fechado no regaço das águas.
Adormece facilmente. É bom ficar sentado a vê-lo assim dormir. Parece morto e nesse simulacro é imortal.
Às vezes senta-se na poltrona da sala que prefere, a virada a Norte e àquilo que é mais frio, e deixa-se ficar de mãos cruzadas. Imóvel e discreto. Depois, e de repente, vai-se embora, como se tivesse dito tudo ou nada mais houvesse para ser visto.
Gosto destas cavernas de silêncios pálidos.
O meu irmão, que lhe segura o braço, ao lado dele, torna-se ainda mais terno e meigo e afectuoso.
Tem trigo nos cabelos, o rapaz, e olhos diluídos pelas árvores.
O pai e o filho, como se fossem o rio.
Sorriem e já os vi colher a névoa.