Andrew Loomis |
Este modo de operar não é o mais conveniente. Há que ter algum discernimento nestas aproximações à ruptura.
Na empresa que ambos tinham, a minha amiga era, por motivos de engenharia financeira que sempre me causaram muita confusão, apenas uma funcionária, embora fosse totalmente dela o capital investido. No processo de separação o rapaz arrecadou a empresa e a minha amiga foi liminarmente despedida, com dois filhos a seu cargo e as despesas de manutenção alegadamente suportadas pelo subsídio de desemprego.
O menino foi a correr choramingar para os braços que antes o acolheram durante este percurso.
Por princípio não tomo partido. Aprendi que a paleta de cores com que é pintada esta vidinha, nunca está bem definida. É, diga-se, uma mescla salpicada. No entanto, espanto-me quando percebo que, no meio desta trapalhada, quem tem o pincel, ao contrário do que se possa pensar, é a minha querida atraiçoada. Vasculhando com atenção os pormenores, acaba-se por descobrir que a rapariga tem uma conta bancária recheadíssima, embora calada, e que o marmanjo traidor continua como sempre foi: pindérico e pelintra. Casaram com separação de bens e foi só por ela ter depositado uma confiança absolutamente cegueta no homem, é que a empresa fugiu das mãos de quem devia.
É estranho ter de admitir que, neste Século de mulheres, ainda as há dominadas pelo savoir-faire da testosterona.
A percentagem de raparigas, espertas como nós, a controlar as decisões mais básicas - em última análise, as cruciais -, é cada vez maior e é confrangedor saber que basta um anjo roto, ronhoso e ranhoso, de arco na mão e pila pequena, disparar uma seta de encontro ao nosso sucesso, para que nos caiam as cuequinhas ao chão e fiquemos tontas e confusas a ver passar navios.
Não podemos abrandar a vigilância e há que observar à lupa todo o movimento do parceiro.
Não nos iludamos! A guerra só agora vai no adro.