Deixa-o religiosamente ficar.
Deixa-o beato.
Quero espoliar-me nua nos veludos cardinal, adivinhar incenso nos brancos das rendas já rasgadas, amarfanhar toalhas com bordados e gargalhar nas roxas faixas da Páscoa do teu corpo.
Quero báculos de prata e jóias raras, cálices de nádegas, hóstias de pele, pontas de dedos, paramentos.
Quero morder o corpo do Senhor, beber-lhe a baba e desfazer altares de missa em sol maior.
Quero pecar, esconjurada, renegada por santos sacrossantos e enredar batinas e ensarilhar os mantos, escaldar as preces dos bem-aventurados e depois nua, desfeita em cânticos, fazer jorrar na mesa a tua ceia.