12.10.22

A Gaffe com as Lolitas

As bonecas de Alisa Filippova
Todas temos, nas mais matreiras das esquinas da nossa alma, prontas a saltar e a jogar à macaca, lolitas tão ou mais perigosas que a original.

Somos pérfidas, perversas, maliciosas e, quase por instinto, reconhecemos que a mais pueril das inocências se pode transformar numa lâmina que não vai apenas escanhoar o esperado. Ignorar as lolitas que espreitam, espertas, picantes, o momento exacto em que podem fazer silvar o chicote de uma das mais implacáveis formas de sedução, é arriscar demais, de olhos vendados.

O poder que subjaz a uma consciente inocência, tangente a uma infantilidade controlada, transforma uma mulher num crime. É inodora, incolor e não traz sal à superfície, mas não é seguro, para um rapaz desprevenido, entrar nesta aparente transparência. Mergulha, solto e leve, refrescado e calmo e duas braçadas depois, há sangue na água.