Gerhard Haderer |
Os homens que já passaram dos 40, mas que teimam em vestir-se de hippies adolescentes são patéticos. Não adianta passarinharem de jeans afunilados e t-shirt justa ou de túnicas de linho e bermudas amarrotadas para mostrar que aquela treta da juventude está no espírito com eles funciona. Não funciona, mesmos com aqueles que fazem yoga, levitação, inalam coisas suspeitas e nos dizem que meditam muito.
Ao contrário do que se espera, se tivermos em consideração o visual muito cool, muito casual, muito descontraído e moderninho, estas criaturas são feitas da mesma massa dos inquisidores e suspeito que têm a mesma idade do último se o último ainda andasse por aqui a esturricar as bruxas. Se os deixassem, e se conseguissem, chegariam ao topo desta carreira e desatavam a mandar os desgraçados que consideram envelhecidos para o churrasco, com justificação apensa.
Reagem mal quando se lhes bate no vidro do frasco onde se enfiaram, porque não conseguem suportar que no mundo haja mais gente para além deles e cospem quase logo um veneno difícil de detectar porque vem misturado com saliva e treta.
Fazem lembrar a prostituta-cliché que enquanto o cliente apanhado à toa na esquina toma duche, lhe espiolha os bolsos e lhe fura os olhos à mulher, se lhe encontra a fotografia. Só porque sim.
Porque dou importância a esta coisa?
Porque me apareceu na frente um destes homens que me fez sentir como aqui há uns bons dois anos quando entrei em casa, no Porto, e percebi que tinha sido assaltada. Não levaram nada - no apartamento não havia, como ainda não há, nada que um ladrão considere interessante levar-, mas remexeram todas as gavetas e desarrumaram as tralhas todas. Porque senti o mesmo que senti quando há seis meses entrei na garagem e vi que tinha o vidro do carro partido. Também nessa altura não roubaram nada. Deixaram no banco o pé-de-cabra com que escacaram a janela. Mandei reforçar a segurança da porta e substituir o vidro, mas nunca perdi a sensação de nojo por saber que alguém tinha estado ali mexericar em tudo. Durante um bom período de tempo não senti a casa e o carro como coisas minhas.
O que este quase cinquentão me disse referindo um dos meus maiores amigos - não é mau rapaz. Só espero que tenha deixado de comer salada de pepino e tomate - termina de modo ambíguo, que é quase sempre uma forma sobranceira de desprezar o parceiro que talvez nem saiba que foi agulhado. Uma quase private jock que faz pensar que o tipo dá alcunhas às pessoas.
É um exercício interessante encontrar alcunhas para desgraçados que nem sonham que são etiquetados dessa forma. Tentei fazer-lhe o mesmo e procurei arranjar uma que se lhe aplicasse. Encontrei:
O que este quase cinquentão me disse referindo um dos meus maiores amigos - não é mau rapaz. Só espero que tenha deixado de comer salada de pepino e tomate - termina de modo ambíguo, que é quase sempre uma forma sobranceira de desprezar o parceiro que talvez nem saiba que foi agulhado. Uma quase private jock que faz pensar que o tipo dá alcunhas às pessoas.
É um exercício interessante encontrar alcunhas para desgraçados que nem sonham que são etiquetados dessa forma. Tentei fazer-lhe o mesmo e procurei arranjar uma que se lhe aplicasse. Encontrei:
O pincher