13.9.24

A Gaffe Kamikaze


A Gaffe, de quando em vez, e lê os jornais e e vê os bonecos.
A Gaffe, de vez em quando, está atenta ao latejar do seu país.

É uma atitude que a maça imenso, mas que considera essencial para seu crescimento intelectual - coisa que, como é sabido, eleva qualquer um, apesar de ser mais interessante ver a chuva a cair e gatinhos a miar na rede.

Num destes batimentos auscultados, a Gaffe ouviu Luís Montengro a exigir respeito aos deputados, pouco tempo depois de ter anunciado aumentos de reformas. Um reformado que tenha direito a tal pois será-lhe concedido o bónus governamental. Não se pode olvidar – a Gaffe estava ansiosa por usar um termo parlamentar! – que Marcelo já tinha comunicado com a presidenta, relatando-lhe o ocorrido, sempre atento ao género. Um gramático dramático disfarçado de estadista.

É evidente que o nosso sentido de Estado pode e deve tentar uma aproximação piedosa aos falados referidos e que podemos mesmo recordar para esquecer que Portugal ofereceu - ainda que não tenha sido a pedido das ucranianas vítimas -, seis helicópteros Kamov de combate a incêndios estacionados há anos algures por aí. As maquinetas são enviadas no estado em que se encontram depois de terem sido comprados em segunda mão há décadas. Portugal recicla o lixo, meus amores. Putin que se considere uma criatura calcinada. Com os Kamov do tipo kamikaze não há kremlin que resista. É de lamentar que não se tenham lembrado dos submarinos que Portas deixou à entrada - pois que davam belíssimos bunkers. Afinal é o exército - não a marinha - que prevê acolher cinco recrutas de Vale dos Judeus. Toda a gente sabe que reciclar estes senhores, com características que não assustam nada, é uma atitude fofa e que só arde se a recruta os irritar um bocadinho.

Tendo em consideração a cinza que nos caiu na dignidade e que dá vastíssimo trabalho a limpar, tudo se torna uma paisagem cinzenta sem uma única piscina de bom senso a funcionar no verde da espreguiçadeira do remanso. Será bom de ver que depressa deprimimos.

A Gaffe - para finalizar, que tudo isto é uma maçada -, sublinha que, contrabalançando estes extremos ocupados por ditos descompensados e erros a recompensar, podemos sempre olhar para o outro lado e encontrar no meio do espanto e da mais veemente indignação uma criatura qualquer imigrada só o senhor sabe de que sítio – e apenas porque o senhor é bom - que nos come os bichinhos lá de casa.

É lamentável a Gaffe não se ter referido às urgências fechadas , aos partos de autoestrada, à época de férias, à época do frio e à dos incêndios, mas haja quem enfie um microfone no rabo, gaseando todos os nossos alvoroços, sobretudo aqueles em que esta pobre rapariga se debruçou, estúpida, parva, imbecil e sem paciência para perceber que não será-lhe dado o estatuto de presidenta de coisa nenhuma.