Na mão dele havia o traço
negro das gôndolas e um abandono, ao frio, de estandartes.
Na mão dela ficava o mapa do corpo que era o dele, reencontrado, e o lento arrasto da euforia dos trajectos.
Na mão dele havia um
peregrino. Outrora as mãos peregrinavam e no encontro com as mãos dela
ouviam-se rezas pagãs nas catedrais.
As mãos dele, divinas.
As mãos dela comédias,
saltimbancos súbitos que assustavam prendendo pássaros aos dedos.
A mão dele agora no
flanco dela, como o esboço morto de um poeta, deixou de ser tudo.
São mortas as baladas que
ecoavam por entre os dedos brandos da mão dele.
Talvez a noite aquática das praças tenha desfeito o que ele entrançava na varanda dos seus dedos, ou talvez seja ela a ir-se embora.
Porque o fim do amor é artesanal.
