26.11.25

A Gaffe no centro de outro lado



A urgência que sinto de lonjura, de distanciamento mesclado com a mais diferente paisagem que agora existe em mim, obriga-me quase de modo inconsciente a anuir e a afundar-me nas ruas estreitas e nos canais de sombra de Veneza.

Somos imperceptivelmente alterados pelos lugares por onde passamos, nada em nós permanece igual ao que cuidávamos ser perene. Tentamos apenas agarrar o que vai ficando no dentro ovalado em cor.

Há lugares, assim como há palavras, que se forem omitidos nos rasgam a alma com a brutalidade dos monstros quando finalmente revelados e nos forçam a morrer e a matar no mesmo instante.

Vamos, porque sabemos que envelhecemos no meio de lugares e de palavras que não nos foram ditos. A nossa velhice é um cadáver adiado que, sem viagens, se torna visível e procria na tristeza. A consciência da nossa imobilidade arromba todas as portas e rompe arrolando todos os instantes.