18.9.24

A Gaffe num postal ilustrado


A Gaffe fica sempre tão nostálgica e entristecida durante o tempo que se aproxima!

Não sabe porquê.

Talvez porque a festa das vindimas no Douro a faça sentir como um ninho abandonado pela ave que aprendeu o voo. Esta rapariga ainda se lembra do calor do corpo e do dormir do pássaro que partiu, mas tem de inventar-lhe as asas.

Talvez porque as tardes se deponham em silêncio e se espalhem no chão como se houvesse tempo para tudo.

Talvez porque não baste um postal ilustrado. 

Talvez tenha saudades.

Saudade.

No entanto olhar estes socalcos é tão simples!

A Gaffe não sabe o que fará depois de olhar, mas sabe que em cada olhar o Douro existe o recomeço dos dias enfiados como pérolas nos fios do silêncio.

O tempo tropeça no corpo do Douro quando avança pela sala distraído, mas não magoa.
A simplicidade absoluta está em não fazer doer.

Talvez por isto tudo a Gaffe esteja apenas triste.