Não sabe porquê.
Talvez porque a festa das vindimas no Douro a faça sentir
como um ninho abandonado pela ave que aprendeu o voo. Esta rapariga ainda se
lembra do calor do corpo e do dormir do pássaro que partiu, mas tem de
inventar-lhe as asas.
Talvez porque as tardes se deponham em silêncio e se
espalhem no chão como se houvesse tempo para tudo.
Talvez porque não baste um postal ilustrado.
Talvez tenha saudades.
Saudade.
No entanto olhar estes socalcos é tão simples!
A Gaffe não sabe o que fará depois de olhar, mas sabe que em cada olhar o Douro existe o recomeço dos dias enfiados como pérolas nos fios do silêncio.O tempo tropeça no corpo do Douro quando avança pela sala
distraído, mas não magoa.
A simplicidade absoluta está em não fazer doer.
Talvez por isto tudo a Gaffe esteja apenas triste.