16.10.24

A Gaffe dos velhos amantes


Vivem como quem pisa uma alameda de vinhas trucidadas, sem esperar o mosto, sem esperar beber, porque o vinho está nas suas bocas. Cresceu como um corpo, ocupando tudo.
As suas terras estão marcadas. Jamais suportarão outros vestígios a não ser os deles.
Só ele sabe dela e só ela sabe que nele as montanhas olham os abismos e espreitam as vertigens sem fazer vibrar o ar que as rodeia.
Têm secretos recantos onde as suas vozes ecoam claramente e os seus olhos volteiam dentro delas.
Sabem ao sabor do pólen espalhado nos lençóis.

São velhos como só os amantes sabem ser.