28.7.20

A Gaffe de fim de tarde

A Gaffe encontrou uma rapariga esperta - embora com um ar absolutamente possidónio -, capaz de apontar com rigor as razões que nos levam a negar o uso da máscara nos tempos que correm.


A Gaffe admite que já viu de tudo, desde senhores que retiram esta lastimável protecção, ou para tossir, ou para ouvir melhor, a senhoras que a emprestam, depois de a ter usado durante alguns minutos, aos maridos que se esqueceram em casa do apetrecho e têm de entrar para comprar o jornal.

A verdade - horrorosa, convenhamos -, é que esta rapariga já desistiu há algum tempo deste mundo vazio e decidiu que o seu reino não será daqui e muito menos das ruas para onde são atirados estes dispositivos de protecção. Está-se completamente borrifando - uma boa escolha de palavra em tempo de pandemia -, para as criaturas que se sentem fragilizadas, submissas, desautorizadas, encolhidas, minimizadas, inseguras e muito saudáveis que a mim ninguém me pega, e ai!, que abafo! se usarem uma das pouquíssimas formas que encontramos para nos defendermos de contágios virulentos.


Morre-se quase tanto a tentar proteger a saúde como a salvar o Novo Banco, para encaramos depois no outro mundo com uma espécie de sucedâneo do excepcional banqueiro a passar por anónimo e a comprar à coisa boa mil e trezentos imóveis ao preço da chuva que tomba nas Caimão; o Sócrates perseguido por ter sido comprado por uma ninharia - pobre do homem que rouba migalhas neste Continente! -; a estupefacção marcelista perante o tudo e o nada que sempre se soube, mas que não se quis dizer; o Bocelli a fechar os olhos à incontestável verdade pandémica, logo ali ao lado da diplomacia de pedinchice humilhante de Santos Silva e do autocarro do amor que não contagia, mesmo a derramar pedaços de gente amontoada.

Não conseguem andar mascarados?

Aproveitem a senhora ministra e tomem com ela um drink no fim da cultura, na varanda da tarde que dá para o desastre.

E comam brioches.