À sombra dos teixos olho as hortênsias abertas aniladas. Moldaram-nas, modelaram-nas. São esferas pousadas num tapete macio de relva primorosamente escanhoado. Não há anomalias naquela gigantesca explosão controlada.
No chão, no verde húmido e uniforme, oscila no entanto uma minúscula flor amarela, rasa, inútil, transgressora, esquecida pela sanha perfeccionista do homem que trata do jardim.
De súbito, tudo é engolido pelo amarelo inadmissível. A planura da relva, as hortênsias, os teixos, a casa, o céu, o rio e os socalcos.
A minúscula flor improvável absorve as paisagens que trago dentro, da mesma forma que dilui o que vejo. Nada há a não ser aquele ínfimo tom a oscilar no vazio.
É como uma desilusão.
São estas insignificantes flores imprevisíveis que anulam as braçadas, os ramos, os bouquets que tínhamos escolhido para adornar os dias. Passamos a olhar apenas a pequena anomalia.
É nesse instante que envelhecemos.