Roshcov |
A gente do Douro tem um epíteto muito interessante que reduz a parafernália de características de determinada pessoa a apenas uma designação ilustrativa, gráfica e muito sintética:
Cagona.
A Gaffe admite que não alcança dissecar o universo contido nesta minúscula partícula, mas consegue imediatamente encontrar uma alma que o exemplifica e ilumina sobremaneira:
Graça Fonseca, ministra da cultura.
A Gaffe sabe que não é bonito atribuir esta versão feminina deste espacinho semântico a uma senhora tão longínqua, tao reservada, tão guardada, tão inútil e tão arrefecida, mas a verdade é que cagona assiste-lhe - como diria um rapaz qualquer, que não se atreve a insinuar que ser cagona é destino das Graças. O desgraçado drink ao entardecer driblou o bom-senso e fez de uma gracinha inocente uma piadola de péssimo gosto que continua a vigorar na Cultura.
No entanto, esta admirável e proverbial expressão tem tendência a contaminar gente tão diversa que a Gaffe é imbuída de uma hesitação quase existencial quando procura escolher os mais cagões e as mais cagonas da actualidade portuguesa, mais ou menos ressequida.
Não percebe se quer escolher o sempre surpreendido e sempre injustiçado ministro dos negócios estrangeiros, pasmado por ter entrevisto que o reino elisabetiano não é de todo responsável por cama e mesa e roupa lavada do turismo português e que o imbecil esgrouviado que o governa, como é evidente, jamais se sentirá na obrigação de cuidar do Algarve - All Garve, como se ousou um dia promover -, ou mesmo de voltar a ler o mais antigo tratado de subserviência que este país alguma vez assinou.
A Gaffe não sabe se deseja, em alternativa, selecionar o ministro cartoon que faz colecção despenteada - pese embora o belo corte de cabelo que o rapaz tem -, de tolices que incluem as esquecidas golas inflamáveis para incêndios, passam por um assassínio nos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras, chegando de rompante a alas de prisões políticas adaptadas - ainda em estudo, mas com obras feitas - e destinadas a albergar os de fora, que são sempre passíveis de escravizar, agropecuariamente ou não.
A Gaffe pensa em escolher o crime de violação de dados da Câmara Municipal de Lisboa que fez tábua rasa dos Direitos Humanos - e em matéria de Direitos Humanos, a neutralidade é um atentado, que se diga de passagem -, acabando por provar que uma máquina embrutecida, paquidérmica, estúpida e anquilosada, é capaz de não se aperceber, tout court - e no mínimo -, que cometeu repetidamente um crime punível pela Lei, desatando a dançar, a bailaricar, em redor dos coretos das desculpas cagonas.
A Gaffe não consegue escolher entre o velho, desrespeitoso, aparente negacionista e apodrecido presidente do Parlamento que incita à invasão portuguesa de Sevilha pandémica em nome da selecção portuguesa de futebol, e os saltaricos de Marcelo que vai amornando os dislates sucessivos da cagonice política vigente, sem se dar conta que esse amornecer é em simultâneo o seu tombo em lume brando que começa no tropeçar da elevação do futebol a assunto primeiro do país já em desgraça.
A Gaffe não se tem divertido por não saber se é o país que está infestado de cagões, ou se é esta rapariga esperta que, provavelmente por contágio ou desistência, acabará também ela uma cagona.