Boushra Almutawakel |
É no mínimo curioso, digno de cuidada e atenta observação,
assistir ao proliferar de mulherzinhas que abrem feridas nos céus, rasgam o chão
e esfacelam as águas, despidas de reservas, nuas, destroçadas, atiçadas e muito
mais que se quiser que tudo serve, perante a visão catastrófica do alastrar do
crime, do desalmamento, da desumanidade, da inumanidade, que no Afeganistão destrói
mulheres.
Perguntam, chocadas e em ruidosa revolta, aos vinte anos de assalto
e saque americanos e aos mesmos de hipocrisia medricas e oportunista da Europa,
a razão deste monumental horror e descobrem que não se aperceberam da ordem de
destruição de campos de ópio cultivados pela miséria afegã, inibindo-se desta
forma a fonte de rendimento do inimigo que, por sua vez, pagava a essa mesma
miséria para que as papoilas renascessem,
num círculo por quebrar sem fim à vista, sem alternativas nem a cana de pesca
do aforismo chinês.
Em simultâneo ignoram que raptos e escravidão sexual a que milhares de mulheres estão sujeitas, resulta também do esmagamento secular do feminino no Oriente Médio que, por bizarro e paradoxal que pareça, fomenta a promiscuidade sexual entre os homens - não é gay, qu'ele está de costas - num abalroamento sinistro, deturpado e melífluo à velha Grécia.
Em simultâneo ignoram que a tragédia, a negação sumária da decência
e a aniquilação do feminino, que no Afeganistão atingem a visibilidade e as parangonas
de um apogeu de catástrofe anunciado por José Rodrigues dos Santos, tem o seu infinitesimal,
esconso, microscópico e tenebroso início nos arremessos de disfarçados crimes
escondidos quando as indignadas mulherzinhas que se avistam por tudo quanto é
rede social, anunciam entre dentes que a vizinha é uma mulher que não sabe estar, que a outra sabia para onde ia ou que uma
mulher deve portar-se como deve ser.
É no mínimo curioso perceber que os talibãs - ou seja, os estudantes - e as mulherzinhas das redes sociais acabam por ter em comum a velhíssima e perdida Grécia! Os primeiros nas suas espartanas relações homossexuais, as segundas portando-se como ridículas estriges de coros trágicos.