23.12.21

A Gaffe com um Natal antigo

Para fazer esvoaçar por todo o lado o espírito de Natal é essencial ter em conta alguns pormenores indispensáveis ao voo da fantasia e ao trenó que atravessa as nossas mais queridas memórias de lareiras e de laços, de neve e de presépios.

1 - Comece por ouvir de imediato as extraordinárias músicas que adornaram já milhões de árvores natalícias. Não deixe que o espírito do Natal seja mais rápido do que a música. Ouça os clássicos. Faça coro!

Eis alguns dos meus favoritos:

- White Christmas - Bing Crosby
- The Christmas Song - Nat King Cole
- Holly Jolly Christmas - Burl Ives
-  It’s Beginning to Look a Lot Like Christmas - Bing Crosby
- Sleigh Ride - Johnny Mathis
- The Most Wonderful Time of the Year - Andy Williams 

Merry Christmas - Johnny Mathis
The Spirit of Christmas - Ray Charles
The Best of Christmas Cocktails - UltraLounge (com uma maravilhosa versão de Sleigh Ride);
Christmas Portraits - The Carpenters 

2 - Assista a alguns desenhos animados de Natais antigos! Quando a Gaffe era criança perdia-se enlevada com:

 Christmas Comes But Once a Year 

Rudolph the red nosed reindeer 

que o avó guardava, entre tantos outros, numa velhíssima cassete VHS;

3 - Os menus natalícios são parte integrante da felicidade. Saboreie um pouco de chocolate quente ou de gemada (no Douro a gemada de Natal é tão perfeita!). Arranje tempo para confeccionar e saborear as pequenas maravilhas culinárias desta época. Acenda uma lareira, desfolhe o encanto de um bom livro e saboreie o Natal feito de biscoitos em forma de árvore ou de duende (ou procure na net a receita de gemada de George Washington);

4 - Assista a um filme de Natal. Já os viu um milhão de vezes, mas nunca deixam de lhe atar fitas de cetim e de cristal ao coração. Aqui estão alguns que lhe oferecem uma belíssima dose de espírito natalício:

 -  It’s a Wonderful Life de Frank Capra

-  A Christmas Story de Bob Clark
-  A White Christmas de Michael Curtiz
-  National Lampoon’s Christmas Vacation de Jeremiah S. Chechik
-  A Miracle on 34th Street de George Seaton
-  Elf de Favreau
-  Peanuts’ Christmas Special com o maravilhoso Charlie Brown;

5 - Leia alguns dos clássicos livros de Natal. Toda a família se reunia (a Gaffe era minúscula) na noite de Natal para ouvir o avó ler. Mesmo agora a Gaffe não perde uma oportunidade de folhear o encanto perto da sobrinha pequerruchíssima (adora A noite antes do Natal - Twa the night before Christmas - de Clement Clake Moore, mesmo sem entender uma palavra!);

6 - Olhe para as luzes de Natal. Seja absoluta e desmesuradamente deslumbrado e não tenha o mínimo pudor em ser piroso;

7 - Construa uma árvore com luzes e brilhos e cores e cheiros de Natal e partilhe-a com alguém. Não se esqueça de desenhar com giz branco na parede, no passeio ou numa rua, um trenó ou um cavalo ou uma rena e afirmar com toda a convicção dos brilhos das estrelas que será através do que riscou que o Natal chegará a quem está ao seu lado.

8 - A ideia moderna de Natal pode ter tido início com A Christmas Carol de Dickens, mas não importa muito, porque há sempre um teatro perto de si que leva à cena uma história que não envelhece nunca, porque se enlaça e se prende nos contos de Natal. Nenhuma história destas pode ficar sem palco;

9 - Tente ser feliz e sobretudo tente que este Natal se transforme numa belíssima memória de alguém que encontrou por acaso. 

A Gaffe com arroz-doce

Árvore de Natal artificial ou natural?

Enfim, faz-se o que se deve. Quem não tem cão, caça com o gato.

Natal com neve ou sol?

Já só peço um frio de fazer congelar o Pai Natal sobre a minha chaminé.

Esperar pela manhã ou abrir os presentes à meia-noite?

Abrir presentes à meia-noite. É uma meia-noite absolutamente mágica que faz com que qualquer presente brilhe nos olhos de quem o ofereceu.

Qual o filme que adoras ver nesta altura?

Mas há televisão nesta noite?! 

Cânticos de Natal no Shopping. Sim ou não?

Se falamos do coro de Santo Amaro de Oeiras, nem nos elevadores.

Qual o uniforme que usas no dia de Natal? Pijama ou vestes-te toda bonita?

Visto-me muito melhor porque uso a tradicional camisola de Natal que herdei do meu avô. Sou uma menina de uma família muito conservadora que não aprecia fatos de fibra e pêlos artificiais à mesa da consoada.  

Qual a tua comida de Natal favorita?

Batatas cozidas com bacalhau, ovo, cenouras, couves e alho esmagado, tudo regado com uma dose descomunal de azeite, comme il faut!

O que queres receber este Natal?

O que está dentro do coração de quem tenho dentro do meu e a notícia de que não é o meu irmão a decorar a árvore.

Planeias antecipadamente os presentes de Natal ou é à última hora?

Deixo tudo nas mãos do espírito de Natal e convenço-me sempre que vou encontrar o presente ideal para toda a gente mesmo ouvindo já os guizos do trenó natalício.  

Qual a tua música favorita de Natal?

Frank Sinatra e I’ll be home for Christmas e todas as outras que me lembram um Natal antigo, ou todas as que cintilam em todos os natais das ruas de todas as vilas e cidades.

Onde vais passar o Natal este ano?

No Douro, como sempre, ao lado de mais de duas dezenas de paixões espalhadas pela família.

A Gaffe sem brilhos

Segundo os especialistas em neuromarketing - eu sei, há profissões sinistras -, com a concordância de neurocientistas de renome e muito sumariamente dito pela Gaffe, os diamantes são realmente os melhores amigos das mulheres.

Não é necessária a parangona publicitária dos primeiros, nem a comprovação científica dos segundos. Uma rapariga que prefere um deslumbrante ramos de flores a uma gargantilha de brilhos preciosos, ou não é, de todo, esperta, ou está definitiva e irremediavelmente apaixonada - o que em muitos casos é redundância.

O brilho desperta regiões cerebrais que impulsionam o consumo.

Subornamos, traímos, mordemos, sacrificamos e lancetamos o coração de quem quer que se aproxime dos brilhos afiados e ofuscantes que vemos, quase cegas, a cegar-nos.
Compramos mais, se encandeadas.

Creio que o mesmo acontece com os masculinos carros a que a testosterona junta uma parafernália de luzes.

Por isso, seguida devidamente pelo neuromarketing e pela neurociência - sou um rapariga de boas companhias -, declaro oficialmente de uma pobreza incomensurável e sério contributo para o agravamento da crise, as ruas do Natal 2016, paupérrimas de brilhos de milhares de luzinhas pirosas e pindéricas a tremeluzir, a cintilar e a luciluzir, em cima da nossa apagada esperança já sem fio nem tomada.