É inacreditável a quantidade de rapazes que, com o telemóvel topo de gama que traz GPS incorporado, alta definição, ligações à NASA, compadrios com a NATO e, suponho, dispara mísseis rumo aos invasores, se fotografa em tronco nu - sou uma rapariga moderada - na frente de um espelho!
Mais inacreditável ainda é o facto de não perceberem que se tornam patéticos, com os seus abdominais poderosos, peitorais distendidos e boxers descaídos, de braço estendido e sobrolho carregado, posando, Valentinos de pacotilha, para um fotógrafo que coincide com o fotografado.
Suponho que as imagens fazem prova da sua excelente forma física - diria a Caras -, e do orgulho revelado por estes espécimes que exibem, garbosos, os únicos dotes que parecem possuir, mas acabam por coadjuvar a convicção que temos da imbecilidade dos modelos.
Nenhuma rapariga esperta se deslumbra com um narcísico reflexo de um rapaz que supõe que uma imagem sua captada com uma luz miserável e onde, numa significativa percentagem dos casos, se vislumbram rolos de papel higiénico, um gel de banho com um ar ranhoso e plásticos com mistelas para o cabelo, é absorvente, sensual e capaz de despertar a fera do desejo.
Acreditem, rapazes, que o cenário é de extrema importância. Fotografarem-se, semi-nus, com a sanita ao fundo, ou com o papel higiénico em primeiro plano, é o mesmo que nos tentarem seduzir, num paraíso solar, passando por nós de fio dental todinho enfiado nos dentes de trás.