- Deve ser bom amar um homem feio.
O dito ficou a remoer a minha pobre alma de menina e moça, suavizando, apesar de tudo, o redemoinho infernal que me provocava a visão esplendorosa daquela criatura.
Hoje, mais crescida e mais serena, longe da perturbadora imagem do belo rapagão, consigo, ainda que de modo inábil, entender o alcance daquela espécie de confissão tristonha.
Creio que deve ser realmente compensador amar um homem feio - desde que não seja o Mário Crespo.
Há, no entanto, o fascinante efeito Cyrano.
As armas do meu melancólico amigo de dias mais chuvosos, estão de tal forma visíveis e palpáveis - enfim, sonhar não custa -, que mesmo que fossemos amadas por ele, sentiríamos em simultâneo que esse amor tinha uma raiz cravada no nosso desejo ensurdecedor de exactamente … sermos amadas por ele.
É que sermos amadas pelo que é belo, faz-nos sentir ainda mais sublimes, mas deixa a repugnante baba da incerteza nos vidros quebradiços das nossas almas pequeninas.
Amar um homem feio deve ser bom. Aceito, porque o que se esconde no amor é muito mais do que aquilo que mora nos olhos cinzentos azulados daquela beleza estonteante que num dia chuvoso lamentou o fado e creio que, quando nos apaixonamos por uma criatura feia, nos deitamos na cama que ela nos ajuda a fazer, desde a escolha das traves às dobras dos lençóis.
A solidez das paredes do quarto já é outra questão, porque amar, dizem, é como ter dinheiro. Não traz forçosamente a felicidade como apêndice.
Hoje, mais crescida e mais serena, longe da perturbadora imagem do belo rapagão, consigo, ainda que de modo inábil, entender o alcance daquela espécie de confissão tristonha.
Creio que deve ser realmente compensador amar um homem feio - desde que não seja o Mário Crespo.
Admito, como toda a rapariga esperta que se preza, não ser a fealdade um dos esteios que suportam a certeza de que o homem nos será fiel ou mais amante. A nossa segurança, autoconfiança, convicção, inteligência, lingerie ou a nossa capacidade de manter ao longe a concorrência, nem que seja ameaçando com garfos ferrugentos os olhos das rivais, são, entre tantos, alguns mais eficazes instrumentos para que se cumpra o estipulado.
As armas do meu melancólico amigo de dias mais chuvosos, estão de tal forma visíveis e palpáveis - enfim, sonhar não custa -, que mesmo que fossemos amadas por ele, sentiríamos em simultâneo que esse amor tinha uma raiz cravada no nosso desejo ensurdecedor de exactamente … sermos amadas por ele.
É que sermos amadas pelo que é belo, faz-nos sentir ainda mais sublimes, mas deixa a repugnante baba da incerteza nos vidros quebradiços das nossas almas pequeninas.
Amar um homem feio deve ser bom. Aceito, porque o que se esconde no amor é muito mais do que aquilo que mora nos olhos cinzentos azulados daquela beleza estonteante que num dia chuvoso lamentou o fado e creio que, quando nos apaixonamos por uma criatura feia, nos deitamos na cama que ela nos ajuda a fazer, desde a escolha das traves às dobras dos lençóis.
A solidez das paredes do quarto já é outra questão, porque amar, dizem, é como ter dinheiro. Não traz forçosamente a felicidade como apêndice.
Seja como for, a Gaffe, rapariga fútil, desalmada, oca, tonta e irresponsável, mesmo suspeitando que o dinheiro - e o amor - não a faz necessariamente feliz, prefere soluçar dentro de um Bentley.