É irritante e provoca-me taquicardia ver, nas filas de abastecimento de gasolina, um homem que antes de pegar na mangueira e enfiar o manípulo no depósito, vai meticulosamente retirar um toalhete para protecção da mão que embala o berço.
Na esmagadora maioria dos casos, não é necessário e faz-me pensar naqueles que depois do chichi - ou do xixi, conforme os casos, que há gente para tudo - esfregam meticulosa e quase compulsivamente todo o que vai das unhas até ao cotovelo, como se o que acabaram de segurar fosse o repositório de toda a gama de bactérias e de outros bichos maiores, visíveis a olho nu – em 80% dos casos não se vislumbram bichos grandes e horríveis e nos restantes é fácil perceber o padecimento do rapaz pela cor anil ou esverdeada do sorriso confrangido.
Não sou, de todo, contra esta social, higiénica e polidíssima regra - muitíssimo pelo contrário -, mas um homem que se preza agarra na mangueira com a mão nua - e não a cheira depois de colocar o manípulo no lugar - e esquece, de vez em quando, de lavar as mãos antes de sair do WC sem que notemos diferenças palpáveis e sem que disso venha mal ao mundo.
Há minúsculos gestos masculinos que são tão maçadores, tão obsessivos, tão obcecados e tão enervantes como aquele, feminino, que consiste em arrastar, puxar, repuxar, esticar, retesar e tentar alongar, como se não houvesse amanhã e o Senhor estivesse a chegar para chicotear os pecadores, a exígua mini-saia que tenta estrangular a dona sempre que a rapariga se levanta.
O ideal é a bicicleta. Não é poluente, não implica a
mangueira e, quando o faz, o ar gelado do Inverno encarrega-se de aniquilar
qualquer sinal de vida mais matreiro.