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Shiori Matsuura (Japão, 1993) |
Este calor imenso torna a minha vida verde e vegetal.
Não faço literalmente nada e o tempo passa por mim a arrastar-se como ancião empobrecido.
Sem interesse, vazia, deslavada, miserável, quente, a minha vidinha deambula entre as cadeiras do jardim a arder e as poltronas das salas incendiadas.
Sem interesse, vazia, deslavada, miserável, quente, a minha vidinha deambula entre as cadeiras do jardim a arder e as poltronas das salas incendiadas.
Está calor aqui! Demasiado quente e começo a trincar o ar que respiro. Salvo-me recorrendo à sombra das árvores e ao ar condicionado que suado trabalha todo o dia.
Morro de tédio.
Nada me motiva.
Morro de tédio.
Nada me motiva.
Comi coisas verdes e saudáveis, bebi da mais fresca fonte laboratorialmente analisada, tentei uma subtil aproximação à gata assassina que aqui governa e que me desprezou soberanamente, ignorando a minha proposta de tréguas, arrastei dois livros das estantes para os esquecer sem abrir e adormeci alarve deitada na relva.
Tudo cenários deprimentes.
Sinto-me uma alarve inútil, alagada em tédio e asfixiada pelo calor.
Penso brevemente entrar em coma.