14.6.24

A Gaffe quotidiana


Dizem que a banalidade não tem narrativa, que as histórias que ficam presas à memória cravam as raízes nos dias que não são derramados nas ruas vulgares, que apenas o incomum nos deixa marca.

Possivelmente.

No entanto, as histórias mais simples, aquelas que atravessam as ruas connosco ao lado, as que se esfumam no passar das horas destinadas a não ser colhidas por ninguém, são sempre as nossas, as que riscamos a todo o instante sem que se percebam os traços que ficaram esbatidos nos instantes que passaram, banais, quotidianos.
Pertencem-nos, são coisa nossa e são coisas dos outros. Iguais ou similares em toda a gente. Não trazem narrativas presas à banalidade comum a todos os que passam, porque o banal é tido como surdo e mudo.

Passamos pelas nossas histórias como cegos.