14.10.24

A Gaffe marca o lugar


Sempre disse não ser uma grande fã do desporto. O máximo que consigo é observar com prudência a movimentação dos corpos e, de vez em quando, saltar de entusiasmo moderado no sofá onde me estatelo, quando encontro um ou outro atleta mais absorvente.

No entanto, sou fã dos balneários. Não pelas razões óbvias e marotas - que, não nego, também contribuem para esta minha malandra inclinação -, mas porque penso que todas nós, raparigas, antes de qualquer modalidade ter início, com alguns minutos que antecedem a entrada dos rapazes, devíamos espargir pelos cantos do reservado e masculino recinto algumas gotas do nosso perfume.

A nossa marca indelével agiria, subliminar, inconsciente e freudianamente, na concentração dos deuses dos estádios e, quando fossemos, displicentes, com o papelinho na mão, pedir-lhes um inútil e descartável autógrafo, seria mais fácil despertar a memória insidiosa que soubemos esconder nas horas vagas e vazias dos másculos balneários e acabaríamos com toda aquela testosterona aos nossos pés.  

Nesta operação, eventualmente proibida pelas Sociedades de Psiquiatria, é aconselhável que nós, raparigas leigas, distingamos com extremo cuidado as instalações onde cometemos o crime. De contrário, corremos o risco de - porque confundimos, aquando do borrifar do nosso pecado, a estrebaria com o balneário - em vez do garboso atleta, termos de lidar com o cavalo inconvenientemente apaixonado.