Cheira a sabonete.
A minha paciência faz trabalhos de casa. Cose, remenda,
emenda, cozinha, esfrega os soalhos, engoma e asseia os quartos, serve o
pequeno-almoço nas camas e estende a roupa depois de a lavar nos tanques com
sabão antigo, cuida da louça e está atenta ao brilho das peças de prata.
É silenciosa.
A minha paciência faz as camas onde se deitam os outros.
Aconchega-lhes os lençóis, murmura-lhes histórias até que adormeçam. Apaga as
luzes e encosta as portas. Depois, por entre a noite, a minha paciência sobe as
escadas, entra nos quartos descalça e, em bicos de pés, começa a
estrangulá-los.