23.6.20

A Gaffe e Moby Dick


Uma rapariga esperta gosta de sonhar com valorosos marinheiros perdidos nos ventos desastrosos da sorte, arrogantemente desafiadores do perigo e de olhos repletos de enigmas, dignos descendentes do destemido herói de Herman Melville.

Nem todos correspondem a estes parâmetros de exigência, mas os sonhos das raparigas podem ser implacáveis e corroer com facilidade a corda que prende os homens à ilusão de as ter.


Apesar de tudo, somos condescendentes. Não exigimos um universo romanesco formado por ventos sem bússola, mastros de absoluta segurança e velas desfraldadas a desfazer as nuvens, mas recordem rapazes que convidar-nos para jantar e passar a noite a falar das quedas da bolsa ou de remates falhados nos intestinos das finanças, não vos vai ajudar em nada a navegar, mesmo à bolina.


Procurem trazer no olhar o cintilar capaz de esmorecer a luz das velas e tenham consciência que a crueldade bolsista, ou a das bolsas do quotidiano cru, vos vai apagando a chama da aventura - mesmo a da ilusão -, mais tonta e pateta ou mais ousada e destemida, mas essencial para iluminar faróis.