Não é que provoque grande prurido a impudência de se aldrabar currículos, sonegando ou aditando o que se achar por conveniente.
A forma mais fácil de desbatocar um trapaceiro é atravessar com cautela e lupa em riste o que ele afirma ser biográfico.
Também não instiga grande tumulto o facto da Procuradoria Europeia ter empoçado e estagnado perante os malabarismos do governo português que num flick-flack à retaguarda emenda a sina e diz que não à vencedora, Ana Clara Almeida, trocando-a pelo currículo forçado e parlapatão de José Guerra.
A morosidade crónica do andamento europeu atabafa a ronçaria deste produto.
O que é extraordinário é apreciar o pimpão a classificar como lapsos as trapacices governamentais relativas à sua carreira, aceitando todo contentinho o cargo - a que se aconchegou depois, porque houve engano -, ocupando no imediato um dos futuros gabinetes da procuradoria europeia, transformando-a desde já em mais uma inutilidade liliputianamente pomposa e, como é óbvio, nada credível, embora de muito provento.
É curioso comprovar que basta um chisco - ou um chico, desde que esperto -, para tonitruante escaqueirar e inutilizar um cantinho de repouso que se pretendia muito arrumadinho, com muitas pastinhas com muitos papéis de lá para cá e de cá para lá, sóbrio e mui discreto.
A Gaffe começa a suspeitar que este país já não tem gente.