Song-Kang |
À entrada da adolescência, a minha suavíssima sobrinha cresce florindo o loiro pálido do seu coração nórdico. O silêncio com que faz dançar os dedos pelos móveis, como que a arrastando os minutos de sossego, placidez, de quase melancolia de início de Primavera, ou de tristeza dos finais das luzes diurnas, torna-a solene, talvez sozinha, talvez insulada.
Cresceu esguia, quebradiça como haste de lírio. Branca e loira, branca e fria e que saudades, Deus meu!
Em breve, muito em breve, conhecerá o chão onde tem as suas mais profundas, as suas mais ancestrais raízes.
Na Occitânia, a terra tem memória deste sangue e é nesse chão que se cresce nesta casa.
Há quase trinta anos que não sei dos meus caminhos, mas a minha viagem iniciática pela mão da minha mãe aos lugares de todas as origens, tem lugar certo, passo a passo certo, em todos os traçados que encetei.
Creio que é a hora de voltar. A hora de entregar a outra menina o frio e o calor da Abadia onde se oficia o passado e o futuro.
Suponho que apenas eu sei do lugar das orações.