Antes e agora, as mais elegantes princesas europeias foram actrizes.
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A Sussex por Roland Mouret |
A elegância sem erro e sem margens para dúvida ou hesitação,
parece ter como aliada imprescindível uma lapidada capacidade de fingir, que, como
toda a gente sabe, é um maravilhoso dom que amadurece, mas não envelhece ou apodrece
com a idade.
No entanto, meus amores, o resto engorda.
... E a duquesa está a gorda! Uma grande gorda.
... ... ...
Mais cedo ou mais tarde, minhas queridas, sucumbimos à idade, à
doçura e à gravidade.
Que ninguém aponte o dedo, ou atire biblicamente a primeira pedra.
Se numa praia paradisíaca levantamos a mão para protegermos os
olhos e existe uma brisa que nos refresca a tez, a idade faz com que o nosso
braço pareça a bandeira vermelha desfraldada ao vento.
Se
decidirmos escolher uma posição sexual diferente da do missionário, a idade faz
com que os preocupemos em seleccionar aquela em que o parceiro nunca fica num
ângulo inferior ao nosso, porque arriscamos a que o pobre nos veja tudo a cair.
A
encorpada e gloriosa águia que tatuamos na coxa da nossa juventude, parece
agora um frango encarquilhado pelas estrias e depenado pela casca de laranja que
nos resta depois de sugado o sumo e mesmo os gomos aparentam desidratação.
Já não cruzamos a perna com a desenvoltura de outrora,
chicoteando o ar e matando de inveja as acrobatas do Cirque du Soleil. A idade
permite apenas que encostemos uma coxa à outra, a perninha esquerda a sustentar
a amiga periclitante, com o rabo enfiado na poltrona e o joelho que tentamos levantar
encostado às mamas.
Já não flutuamos pelas avenidas, de vestido Dior, com muito sucesso, a fazer esvoaçar a nossa silhueta. A idade faz-nos abanar por todo o lado. Faz com que pensemos que estamos cravadas numa daquelas cadeiras vibratórias ligadas a uma velocidade relaxada ou que temos incrustado e avariado o único sexo que ainda vamos tendo e que funciona a pilhas.
Por
muito que afirmemos que é mentira, a idade transforma, quer o nosso lazer, quer
a nossa vida sexual, em preocupação.
As preocupações envelhecem e não raro engordam.
Raparigas entradotas, ergam-se e libertem-se!
Retirem do baú os vossos biquínis exíguos, repletos de
lantejoulas e, mesmo que desapareçam metidos nas estrias, ousem enfrentar as
ondas com eles encaixados, porque o Verão, até o nosso, não vai parar de se
repetir.
Desfilem
de Vichy pelas avenidas. Afinal é vossa a glória de ter feito do padrão a
coqueluche e ninguém como vos sabe vesti-lo.
Arrasem
guarda-fatos e usem o que de mais estranho lá se encontra. A vossa vida é uma
extraordinária colecção de cores, um inacreditável jogo de texturas, um
impressionante acervo de formatos. A história de quem sóis conta-se toda assim,
ao mesmo tempo.
Seduzi
todos os homens que quiserdes! Afinal, a vossa experiência é uma mais-valia e
sabeis perfeitamente que é uma monumental perda de tempo esperar que seja o
romance a estender-nos na cama. Os percalços que porventura encontrará a vossa
sedução podem ser minimizados se escolherdes um seminarista de província,
ingénuo e angelical. Mrs. Robinson sempre foi uma das mulheres mais desejadas
por todos os adolescentes espigados.
Podemos abanar no fim da refeição, mas é na mesa do jantar que
foi servido que devemos saborear comme
il faut a sobremesa.
Viva a Sussex!