9.9.21

A Gaffe do eurodeputado de gaveta


Os excelentes, os prodigiosos, os divertidíssimos e deslumbrantes meninos da imagem, são inimaginavelmente mais aguerridos, mais combativos, mais corajosos, mais sérios, mais dignos e mais honestos - e até mais ponderados! -, do que todas as manobras de gaveta dos estrategas manipuladores que abrem uma frincha dos armários apenas quando a ameaça de arrombamento e assalto adversário se torna real e a possibilidade de chantagem uma evidência.

Quando durante demasiado tempo fizemos parte da maioria de zelosos guardiões dos ferrolhos que se impuseram aos outros, soa a hipocrisia de bastidor de cena bolorenta e oportunista, o assumir que também fomos e nos quisemos prisioneiros, só para poupar a mamã.

José Magalhães, deputado da nação socialista, e a sua escabrosa e abjecta referência a casas de bondage e sadomasoquismo neste sair de gavetazinha de um eurodeputado qualquer, concorreu muitíssimo mais para a denuncia e exposição dos patetas e dos patéticos que permanecem mudos e dos que acreditam que a sociedade ainda não está preparada para deixar viver toda a gente, do que este destapar airoso, inevitável, e muito eficaz contra chantagens adivinhadas, de um homossexual que apoiou, defendeu e assinou todas as posições homofóbicas do partido a que pertence.

Talvez seja por isso que Paulo Rangel não é sequer divertido.

Talvez seja por isso que José Magalhães sai incólume do balde de imundície em que decidiu mergulhar.