Sei-te da morte
Pelas escamas de nuvens afogadas
Pela carne em carne viva das pegadas
Que deixo no caminho à sua sorte
Meu amor
sei que morri
No teu silêncio que tem a cor das fontes
E que entre a luz e a morte não há pontes
Nem terra a latejar dentro de ti
Porque eu morri
Meu amor
Sei-te de morte
No corpo contra a sombra que abandono
No cão que lambe o mar por não ter dono
Na luz de olhos fechados como um corte
Meu amor
Sei que morri
Nas crinas das raízes rasas de água
Das árvores que são pássaros de mágoa
Com asas que se despem só por ti
Porque eu morri
Meu amor
Sei-te da morte
Queimei a cal do peito que morreu
Na dor que tinha o nome que era o teu
E havia um ninho a abrir o vento Norte
Meu amor
Sei que morri
No pátio que erguias nos meus braços
Que agora se desfazem de tão lassos
Porque ao morreres levaste o que eu vivi
E eu morri