A Gaffe confessa que é atraída pelos estereótipos mais banais.
Uma desgraça!
Isto porque pendurado, numa plataforma de metal, no exterior da janela do seu gabinete, um rapaz limpa laboriosamente os vidros. Com um macacão desbotado e um capacete azul, o homem está seguro por cintos e cordas mescladas que se traçam nas virilhas produzindo volumes surpreendentes que inauguram alguns das suas mais divertidas, se bem que libidinosas, colecções de imagens a não reproduzir sem prévio aviso a menores incautos. Quando se baixa, agarrando uma esfregona estranha e desdentada, as cordas, cravadas nas virilhas, desaparecem no tecido do fato e empurram, deformado, promessas de evitar referir aqui.
É tão reconfortante uma paisagem destas!
Mas a sua calamitosa e desprezível, porque demais banal, atracção por fardas não se fica pelo vislumbre amontanhado de rapazes pendurados a lavar janelas, presos por cintos e cordas, de capacete duro e material imenso. A Gaffe perde-se no azul dos macacões dos guardas; dos polícias de sarja e cinturão de couro, com botas que recolhem calças apertadas e pernas de embondeiro com um matiz cowboy. Deslumbra-se com o aço das nádegas redondas onde a farda justa separa os hemisférios e morde o lábio quando, já viradas, as nádegas dão lugar a outras presas.
Os marinheiros e soldados contam-lhe histórias que não é bom dizer porque a avó jamais perdoaria. A Taprobana é sempre um mau caminho e o perverso Adamastor ocupa o seu lugar em todos os catálogos que vê.
Que culpa tem a Gaffe de ter a alma de caserna, de taverna, de porto, de cais, de esquadra, de estaleiro e doca e de guarita?!
É uma rapariga tonta e tão marota!