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Wolf Ademeit |
A Gaffe considera que retirar
a possibilidade de ficar maravilhada ao ver as borboletas frágeis que batem
asas nos comentários que vai lendo e ouvindo por aí, é uma barbaridade. Uma
criatura tem o direito de se espantar de quando em vez com o lado negro da
força e de se sentir uma deusa ao imaginar o cérebro dos que originam estes
deslumbres que, embora macabros, não deixam de nos apontar a dimensão que pode
atingir o buraco negro onde vastas vezes se enfia parte da humanidade.
Exactamente por tal, a Gaffe
está solidária com Quintino
Aires que alia ao que tem dito as novíssimas referências às bichas desocupadas que desfilam naquela marcha da vergonha onde vão, na
sua grande maioria, meios nus a lamberem-se todos. A seguir, aumenta o número
de infeções e as instituições preparam-se para isso.
Este menino é um ídolo. Um
dos maiores fornecedores de embasbacamentos. Vai e vem, vem e vai, e neste ir e
vir entrega ao povo uma surpresa.
Para além de considerar que
andar atrás das galinhas e das cabras e das vacas com intuitos menos
cavalheirescos, com intenções menos próprias, com impulsos mais libidinosos -
sem sequer as levar primeiro a jantar e descartando a elegância de lhes
telefonar depois a dizer como foi importante aquela noite à luz da lamparina
campestre -, consubstancia uma comunhão com a natureza, Quintino Aires acredita
que são os ciganos, a esmagadora maioria da ciganagem,
a traficar droga e a esbardalhar esquinas com as costas preguiçosas e manhosas
e que são as bichas que desocupadas incomodam as nossas venerandas
Instituições.
A Gaffe, como é sabido, é
chique. Não se aproxima dos ciganos. Tinha escolhido mesmo a plataforma SAPO
para albergar as suas elegantes divagações exactamente pelas razões que se
adivinham e como criatura elegantíssima que é, só trata da maquilhagem do nariz
na Linha, porque é evidente que o pó
da Comporta é muito mais fino e trabalhado.
Desconhece portanto os
negócios do povo nómada que nem sequer sabe traçar um turbante em condições e
que não distingue um tapete Balúchi de um Gabbeh, porque os rouba sem
qualquer critério estético. Não lhe interessam os pobres que vivem em tendas
cobertas por lonas, sem qualquer intervenção de Gracinha Viterbo, e que
permitem que 75% da sua comandita engane as pessoas civilizadas com porcaria
dos chineses.
A Gaffe acredita também que
conhecer biblicamente uma galinha ou uma ovelha, não é de todo a imagem que se
lhe depara de uma noite badalhoca no Hilton, mas já admite que uma vaca não é
de estranhar nestas posições, tendo em consideração a quantidade de bovinos que
por lá vão passando. Quintino Aires provavelmente referia experiências passadas
que eventualmente lhe foram narradas por um ou outro paciente seu, muito
ecológico e mentalmente em comunhão com a Mãe Natureza que tanta gente diz ser
uma cabra.
Tendo em conta a profissão do
seu rapagão e tendo-o já apanhado com o braço enfiado até ao cotovelo no pipi
de uma vaca, a Gaffe vai prestar mais atenção às mensagens e aos contactos no
telemóvel do homem.
No entanto, a Gaffe admite
que fica muitas vezes assustada com Quintino Aires.
O maravilhoso profissional de
psicologia
afirmou que quem fuma charros em
demasia - ou coisa que o valha, porque nestes casos há fogos sem fumo -,
sobretudo os vendidos pelos ciganos, mais cedo ou mais tarde acaba na cama com
uma pessoa do mesmo sexo. Com grandes hipóteses de ser com o dealer - a Gaffe
acrescenta, pois, tal como ela, toda a gente de bem conhece a tendência que
estas criaturas têm para a vida fácil.
O susto ficou acoplado às dúvidas
existenciais que a assolaram de imediato:
- E o inverso?
- Será que
uma rapariga que vai para a caminha com outra, caminha em direcção à droga?
Será que cedo ou tarde ilustrará o título da obra de Miguel Sousa Tavares
transformando-se nu’ Madrugada Suja?
- Será que um
rapaz que acaba na cama com outro numa Sexta-feira à noite vai na manhã
seguinte injectar morfina na pila? Ou será que aproxima o rabo de uma linha de
coca só para se esquecer como lhe dói a vida?
São questões
pertinentes e deveras preocupantes que devem ser esclarecidas por Quintino
Aires numa das suas próximas aparições no programa de Cristina Ferreira, já que
Goucha provavelmente estará no camarim todo mocado.
A Gaffe está
surpreendida com o linchamento público de Quintino Aires que desta vez se refere a uma bicha desocupada que conseguiu levar à Assembleia da República o debate sobre a discriminação dos homossexuais na
doação de sangue.
Irrita imenso
perceber que quando uma criatura diz o que pensa com a perspicácia desempoeirada,
com a argúcia e objectividade construídas com o saber e com a experiência deste
emérito psicólogo, é trucidada por
uma matilha de esfomeados.
Perante
Quintino Aires somos todos como o Velho do Restelo. Tentamos impedir que as
naus abram caminho na lauta ignorância do populacho. Por muito que a barcaça
abane, seria de esperar que o farol brilhasse apontando o rumo e proclamando
sem teias ou véus os nojos de gentalha que nos enche os jardins dos hospitais
quando um dos membros é internado e que nos polui com ossos de frango e cascas
de bananas as gardénias em flor e a relva aparada na véspera ou ainda por uns desempregados
que acreditam que a promiscuidade não é como a ciganada e não faz crescer bicharada no sangue.
Meu querido
Quintinito - permita que o trate assim, pois que tem mais salero, - o menino
tem toda a razão e se mais houvesse sua seria. A ciganada é propensa a tráfego
de droga, a mendicidade, a gatunagem e - livre-nos Deus - bate nas pessoas a
troco de algumas migalhas; Não se sabe vestir – o look hippie-choc nunca
foi tendência digna de gente de bem, - e lê a sina – pormenor que o menino faz
muito melhor e de um modo obviamente profissional quando nos deslumbra com as
suas análises a concorrentes com cérebros enfiados no rabo da Cláudio Ramos ou
analisa de modo profundíssimo e altamente qualificado casos que o Goucha vai
desenterrar nos esgotos da miséria humana e que aparecem documentados num slide
e num slogan pregado na lapela da falta de ética.
A Gaffe deve
no entanto anotar que não simpatizou ao ouvi-lo dizer que fazer sexo
com animais aumenta a ligação entre o ser humano e a natureza.
A Gaffe
desconhece se o menino vive numa quinta inclinada a místicas comunhões com o
Todo Natural e que em consequência compreende as suas elevações e
flexibilidades ecológicas, mas confessa que ficou um bocadinho incomodada tendo
em conta que o rapagão que a acompanha, como se refere, é muito dado à terra e
ao trato de animais, vive no Minho - província infestada de bicharada - e
tem uma plantação de bois e de vacas. Sabe, para seu descanso, que o rapagão é
um cavalheiro e que não se envolveria com nenhuma cabra ou nenhuma vaca sem
pelo menos as levar a jantar a um desconserto e a um concerto do Libarece - ao
contrário de imensos ciganos, - mas, como referiu, a celebração
das nossas origens é sempre um evento a que raros faltam. Todo
o cuidado é pouco. Estamos descansadas a ler a Vogue e PUMBA! somos traídas com
uma porca, uma vaca ou uma cabra - não faz ideia como isto é recorrente!
A Gaffe tem apenas de se lembrar que deve proteger a Chihuahua que lhe
ofereceram. A bichinha é ainda muito jovem e pura e a Gaffe receia que o menino
aproveite para tratar, como disse e muito bem, a patologia
social que é ser-se virgem, afastando dessa forma prejuízos
para a saúde pública.
A Gaffe aproveita
o lanço e congratula-se ainda por o ouvir a proibir ou a desaconselhar as mamãs
a ministrar aos rebentos o que foi prescrito pelos médicos. Haja bom senso!
Haja contenção! Afinal basta o Quintino Aires para nos provar que a falta de
medicação na infância, é perfeitamente capaz de produzir psicólogos.
Meu querido
Quintinito, a Gaffe lamenta apenas que não tenha unido às características tão
bem enunciadas destas gentalhas horrendas, o facto de serem POBRES. São gentes pobres e não adianta
referir a chuto de bola o Quaresma, porque ser pobre também é vestir uns
calções pretos pelo joelho, uma camisa estampada e justíssima, desenhar
palermices no cabelo e chegar a um evento nestes preparos e ainda por cima
acompanhado por uma senhora muito apertada, que dobra o joelhinho e levanta o
pé quando é fotografada e, miséria, com um cabelo de guetho.
A Gaffe está
surpreendida com o linchamento público de Quintino Aires por se ter referido a uma bicha desocupada que conseguiu levar à Assembleia da República o debate sobre a discriminação dos homossexuais na
doação de sangue. Uma hipocrisia! Toda a gente sabe que uma bicha desocupada é pior do que uma senhora negacionista da corneta e megafone.
Não tema
represálias desta gente perigosíssima. Uma bicha
desocupada é, tal como um cigano, muito supersticiosa e dizem que também
não se aproxima de sapos. Pode portanto ficar seguro, descansado, e continuar a
deslumbrar-nos com os seus poderosos comentários.
Querido
Quintinito, o menino persista. O menino apareça. O menino continue. O menino
comente. Vai ver que se transforma a muito breve prazo numa pequenina espécie
de Trump da psicologia e faz do
original um poço de elegância intelectual.