| Giovanni Paolo Cavagna |
Toda irritada, a amiga da Gaffe - enquanto as duas vão mordiscando uma porcaria comprada no café que agora vende p'ra fora munto barato -, pernas cruzadas e sapato a dar-a-dar, dá conta da aversão que tem aos homens peludos quando por elas passa num doce balanço a caminho do bar, um macho alpha, gingão e marialva, de jeans e camisa aberta por onde se avista a Amazónia. Negra Amazónia de mistérios densos.
- Aquilo tem bichos dentro e a gente não sabe - avisa muito preocupada.
A Gaffe não pode solidarizar-se. Nunca apreciou homens que se depilam até à total humilhação do Ken e não entende o actual culto masculino por esteticistas fanáticas, psicopatas e radicais.
- Tens de concordar comigo que não é agradável andar à procura do homem no meio daquela mata, correndo o risco de sermos engolidas - pausa meditativa e acrescenta perplexa - lembro-me sempre de areias movediças, nunca soube porquê.
A Gaffe tem de concordar num pequeno pormenor. Um homem que decide não se depilar, tem de ter particular cuidado com as suas zonas menos públicas e mais púbicas. É evidente que a piloca não pode parecer, nos seus momentos mais entusiasmados, o Pinóquio que se juntou aos Talibãs.