Para uma rapariga que até há bem pouco tempo pensava que se pisavam as uvas com os pés, de pernas nuas e de braços dados, apenas para tonificar os músculos, é sempre incómodo. Fica-se com a sensação de futilidade, frivolidade, completa ignorância e inutilidade que nos assarapanta sempre que nos encontramos com o Douro.
Passei longos dias a olhar para os poderosos e graníticos homens que de esguelha me observavam com ar condescendente, guiando tractores rancorosos, e as noites a passear pelos corredores de uma casa assombrada onde até os retratos são pesados.
Para agravar todo este cenário, reconheço que no Douro o meu pobre glamour não passa de uma asneirita tonta de uma miúda com peneiras.
Só espero que esta seja a altura de mandar os rapazes arrancar as silvas (?) dos trilhos (?) das ramadas que consigo ver do meu quarto. Gosto de braços arranhados e de mãos picadas, de troncos vergados e músculos retesados, de camisas apertadas e de calças seguras por um baraço ou por cintos a cheirar a couro velho e dos sorrisos tímidos dos mais jovens faunos.
Seja! Reconheço:
Esta terra tem os seus encantos.