Fernando Vicente |
Não sou uma consumista do tipo obsessivo-compulsivo, mas acabo nesta época por dar sempre um passo maior que a perna - o que será difícil, tendo em conta a altura das ditas e o foguete com que sempre me desloco.Mas o que me faz tiritar de contente são as melodias que acompanham esta quadra e até me arrepio ao trautear os Wham e o seu idiota:
Last Christmas, I gave you my heart
But the very next day, You gave it away
This year, to save me from tears
I'll give it to someone special
Um facto que não engrandece, não prestigia e não abona a favor de uma rapariga esperta.
O que me irrita é o hipotético bon chic, bon genre que consiste na escolha para animar as consoadas de canções tradicionais cantadas pelo meu dilecto Sinatra ou pelo meu elegantíssimo Bing Crosby. Sei que não há nada que se compare ao charme discreto destes queridos, mas estes senhores melam-me a quadra e provocam-me uma tristeza pouco compatível com o meu temperamento. Ao ouvi-los fico extenuada e a pensar que não mereço presentes porque me portei como uma menina má, péssima, horrenda e capaz de fazer com que o Pai Natal entre em coma ao ver o rol dos meus pecadilhos.
No Natal quero poder ser ridícula, dançar ao som de idiotices e cantarolar as mais destravadas e pirosas cançonetas disponíveis no mercado, apenas vestida com um baby-doll de veludo encarnado debruado a arminho, meias grossas de lã branca maciérrima, com um gorro que termine em dois metafóricos pompons traquinas e com flocos de neve a tombar como pano de fundo.
Last Christmas, I gave you my heart
But the very next day, You gave it away
This year, to save me from tears
I'll give it to someone special
Um facto que não engrandece, não prestigia e não abona a favor de uma rapariga esperta.
O que me irrita é o hipotético bon chic, bon genre que consiste na escolha para animar as consoadas de canções tradicionais cantadas pelo meu dilecto Sinatra ou pelo meu elegantíssimo Bing Crosby. Sei que não há nada que se compare ao charme discreto destes queridos, mas estes senhores melam-me a quadra e provocam-me uma tristeza pouco compatível com o meu temperamento. Ao ouvi-los fico extenuada e a pensar que não mereço presentes porque me portei como uma menina má, péssima, horrenda e capaz de fazer com que o Pai Natal entre em coma ao ver o rol dos meus pecadilhos.
No Natal quero poder ser ridícula, dançar ao som de idiotices e cantarolar as mais destravadas e pirosas cançonetas disponíveis no mercado, apenas vestida com um baby-doll de veludo encarnado debruado a arminho, meias grossas de lã branca maciérrima, com um gorro que termine em dois metafóricos pompons traquinas e com flocos de neve a tombar como pano de fundo.