11.1.22

A Gaffe futebolística

Ruben Loftus Cheek

Não gosto de futebol, mas em contrapartida adoro futebolistas. É agradável ter por perto um rapaz musculado e vigoroso sem necessidade nenhuma de estar atenta ao que ele diz, porque sabemos de antemão que, salvo raríssimas excepções, não dirá nada que valha a pena ouvir.

O interessantíssimo é constatar que a imprensa portuguesa - toda ela -, vai olhando e transformando o debate político actual num torneio de bolas - como diria Zezé Camarinha -, apoiando-se em definitivo numa semântica futebolística e numa alinhamento igual ao dos jogos desta tão badalada modalidade desportiva. Determinada equipa, ou determinado político, perde ou ganha ou empata e comenta-se depois o jogo até à exaustão num interminável número de rubricas, de programas e de peritos, sempre tendo em conta e bem presente as bandeirinhas.

A ideologia, assim como a verdade, é agora apenas uma questão de opinião, de certeiro pontapé, de cabeçada mais rija ou mesmo do sentir clubístico do comentador que se segue.

Em relação a este problema, a Gaffe francamente não encontra gravidade. É tudo uma questão de bolas. O enormíssimo inconveniente é percebermos que não havendo necessidade de ouvir o que dizem, pois que não dizem nada que valha a pena ouvir, deixamos de ter razão para assistir à jogatina, sabendo-se que de rapazes musculados e vigorosos este campeonato eleitoral é lance de bola parada.


A continuar assim, não haverá vitória que nos salve.