O interessantíssimo é constatar que a imprensa portuguesa - toda ela -, vai olhando e transformando o debate político actual num torneio de bolas - como diria Zezé Camarinha -, apoiando-se em definitivo numa semântica futebolística e numa alinhamento igual ao dos jogos desta tão badalada modalidade desportiva. Determinada equipa, ou determinado político, perde ou ganha ou empata e comenta-se depois o jogo até à exaustão num interminável número de rubricas, de programas e de peritos, sempre tendo em conta e bem presente as bandeirinhas.
A ideologia, assim como a verdade, é agora apenas uma questão de opinião, de certeiro pontapé, de cabeçada mais rija ou mesmo do sentir clubístico do comentador que se segue.
Em relação a este problema, a Gaffe francamente não encontra gravidade. É tudo uma questão de bolas. O enormíssimo inconveniente é percebermos que não havendo necessidade de ouvir o que dizem, pois que não dizem nada que valha a pena ouvir, deixamos de ter razão para assistir à jogatina, sabendo-se que de rapazes musculados e vigorosos este campeonato eleitoral é lance de bola parada.
A continuar assim, não haverá vitória que nos salve.