Rui Pires |
Quando se abre a janela do quarto fechado, o Douro entra de rompante, soberbo, gigantesco, arrecadando o respirar dos que surpresos nunca o tinham visto daquela forma vertiginosa, daquele ângulo que o faz um golpe de prata na paisagem, um profundo golpe aberto ou uma veia cheia, curva, serpenteada. A esmagadora força com que o rio, o golpe, entra nas almas, transforma em silêncio o ar que chega sempre frio.
A manhã esmorece pausada no ténue reflexo do arvoredo baixo e a terra ergue lento o clamor da água, erguendo a prumo o corpo furibundo dos socalcos.
Quando se abrem janelas sobre o Douro, Deus existe parado a ver.
A manhã esmorece pausada no ténue reflexo do arvoredo baixo e a terra ergue lento o clamor da água, erguendo a prumo o corpo furibundo dos socalcos.
Quando se abrem janelas sobre o Douro, Deus existe parado a ver.