O que se passa convosco, rapazes?
O que vem a ser aquela coisa minúscula, aquela caganita, aquele pechisbeque, aquele carrapito patético com que agora ornamentais a cabeça?!
Há dias em que uma rapariga consegue ignorar o botão de cabelo que amorosamente criais, mas há momentos que só apetece bater-vos com um taco de baseball nos vossos mais protegidos recantos até que aquilo se desfaça de vez com as ondas de choque.
Pode eventualmente ser admitido em gigantes musculados e barbudos. O corpanzil disfarça e é provável que uma rapariga se distraia com o conjunto ou que não consiga ver o bebé no topo da cabeça, mas os mais franzinos deviam abster-se de usar uma desfaçatez daquelas, embora nos pequeninos o cornicho pareça proporcionado.
O problema agrava-se quando não há cabelo que enrole e é exposto uma vassourinha minúscula, espetadinha e ouriçada, o pincel laçado do nosso verniz. Não há nenhuma criatura que vos ache inteligentes.
É o chamado preconceito piaçábico.
Para além disso, dá-vos um ar ansioso. Fica a pairar a vossa impaciência. Dir-se-ia que não aguentais esperar que o cabelo cresça para o poder prender com dignidade e o que desejo leonino que vos invade arrisca sem vergonha fazer-vos passar por idiotas capilarmente ambiciosos.
Não há nenhuma conversa séria que resista ao vosso pechisbeque. Ninguém consegue discutir a Teoria do Caos ou os reflexos do naturalismo na Literatura portuguesa dos fins do século XIX com um homem que tem uma coisa espetada no cérebro a olhar para nós e não adianta nada declararem que só admitem discussões de carácter artístico, porque nos apetece de imediato mandar-vos colorir de pernas no ar um livrinho com figuras geométricas.
A única razão para o uso de tão peculiar penteado é aquela que nos informa que talvez seja possível pendurar-vos pelo pequerrucho puxo.
Justifica-o, mas não funciona. Uma rapariga prefere sempre pendurar um homem por outros enfeites.