30.3.22

A Gaffe aristocrata


Não me espanta a existência simultânea de duas obras sobre Leonor de Almeida Portugal de Lorena e Lencastre - prazer, minha senhora -, Marquesa de Alorna e mais que se não diz por ser verdade.

É bom sinal.

As Luzes de Leonor, de Maria Teresa Horta, levou mais de dez anos a vir a lume e é um extraordinário estudo sobre o Iluminismo Português e as origens do Romantismo oitocentista em Portugal, levado a cabo por uma mulher que, como curiosidade, descende da Marquesa e que, por mérito, é uma das mais importantes e incontornáveis escritoras da actualidade.

Marquesa de Alorna, de Maria João Lopo de Carvalho, é um romance histórico que tem a vantagem de poder ser facilmente fotografado - o romance também - ao lado de Marcelo Rebelo de Sousa.

Nada se retira à eventual qualidade que o romance fotogénico eventualmente terá. Não o li e sou uma preconceituosa que parte do princípio que ter uma Margarida Rebelo Pinto que vai estudando o que escreve, não vai contribuir significativamente para o acervo cultural de um país.

Ajuda este preconceito as declarações da autora, numa festa pontuada por caras conhecidas em excelente forma física, a uma revista que publicita o livro:

- Escrever faz parte de mim como respirar e é algo que me dá prazer.

Escolho Maria Teresa Horta. É mais seguro.
Chega-se a uma idade em que não se pode perder tempo com gente que confunde, ainda que metaforicamente, funções fisiológicas com o ofício da escrita.