22.6.22

A Gaffe sacana

Dusan Susnjar
O bom sacana!

Suspira-se quando se atravessa - mordendo o lábio com que nos mente -, na vida que trazemos engolida pela multidão dos bons rapazes. A inconsciência dos estragos que provoca é encantadora e o sorriso quase infantil que espalha nos corações destroçados, acreditando que a culpa dos estilhaços nos pertence por inteiro, é cativante.

Não adianta irritarmo-nos. O bom sacana desarma qualquer indignação com intenções mais bélicas e acaba a mendigar perdão apenas porque acredita mesmo que é nesse aparente arrependimento que reside a placidez do mundo.  Neste malandro um pedido de desculpa é sempre um acto de altruísmo e a alegria com que o realiza torna-se comovente aos nossos olhos.

É irresistível!

Irresistível, porque nenhuma mulher consegue por tempo indefinido asfixiar o instinto maternal que este sacana desperta. Salta-nos a enfermeira cá para fora, para fazer companhia a babysitter que entretanto já tinha chegado.  

O que fazer então quando no recreio o nosso colinho é implorado por este bom malandro?

O mais aconselhado é apalpar-lhe o rabinho, verificar no corpinho todo, com muita vontade e afincadamente, se não tem dói-dói e depois mandá-lo para casa da mãe, já muito habituada a mudar-lhe a fralda.