10.8.22

A Gaffe no tempo deles


Ultimamente a Gaffe não tem andado com muita paciência para ouvir uma das frases características dos mais entradotes elementos masculinos do seu reino:

- Quando era mais novo, era muito bonito. havias de me ter conhecido na altura!

A verdade é que nos casos em que ouve a frase só conta com o presente e na maior parte das vezes o presente não deixa de ser agradável à vista. A Gaffe nunca foi atraída por os putos ranhosos e troca facilmente a inocência dos vinte e tais pela maturidade de qualquer charmoso de quarenta ou mais.

O que estraga tudo é a Gaffe ter de levar com essa espécie de nostalgia rançosa. Os homens que a usam, perdem uma das vantagens que conservam sobre a carneirada juvenil. Assumem que foi lá atrás, no passado, que tinham a capacidade de seduzir - que perderam agora - e acabam por diminuir as hipóteses de alguém os achar atraentes. É uma mazela insegura muito limitadora, sabendo nós, as grandes pensadoras, que o talento para a conquista está, numa primeira linha, na certeza de a conseguirmos. Faz deles uns totós saudosistas e já ninguém tem paciência para se sentar a ver fotografias antigas.

É habitual considerar um homem com mais de quarenta anos fora de prazo. Não há como negar. As raparigas são caprichosas e melindram-se no que diz respeito a questões de idade. Trocam sempre que podem o charme dos mais vividos por um par de leguminosas no vigor da idade.
No entanto, há que manter a auto-estima e sobretudo não desmotivar a parceira com frases que recordam o passado deslumbrante dos quarentões.

É que nós, raparigas espertas, acabamos por acreditar naquilo que é dito e, já que assim é, ou ficamos à espera que o tempo regrida ou passamos ao lado e fotografamos nós o nosso presente.