11.4.23

A Gaffe de Maquiavel

April O’Neil por Niander Quinn

A Gaffe é de certa forma vista como uma criaturinha infantil, ingénua, tontinha, a quem se desculpa imensa coisa com uma superioridade muito madura e adulta.
Ajuda o facto de se sentir uma atracção desconcertante por animações da Disney, gostar de bonecada e de coisas amarelas – admite-se que às vezes se exagera -, e no pc existir um macaco de peluche muito parecido com o melhor amigo, agarrado ao monitor.

É uma situação confortável. Sermos tratadas com benevolência porque parecemos ligeiramente débeis ou vagamente infantis, permite-nos executar com maior liberdade o que sabemos que é o correcto. Recusamos determinadas atitudes ou emitimos opiniões controversas e polémicas sem grande alarido por parte da vítima que acaba sempre por perdoar à minorca. Negamos o acesso a muita porcaria com uma facilidade que tem origem na nossa imagem de marca.

Somos uma espécie de crianças com poder de decisão irrevogável.

Acabamos com lugar marcado no piso dos mimados que, por não exagerarem nas birras, continuam a fazer o que querem sem grandes contrariedades.

Esta posição que aparenta ser frágil, não o é de todo. As mulheres com uma imagem infantil, aproveitam este facto para usufruir de uma gama de privilégios que não está ao alcance dos outros.
Somos miudinhas limonadas e parecemos quebradiças. Não resmungamos muito e gostamos de coisas fofinhas e amarelinhas. No entanto, somos suficientemente hábeis para pendurar os peludos macacos onde queremos e recusar com um dedinho na boca e uns olhinhos de Bambi os que os outros são obrigados a engolir.

Maquiavel gosta de nós.