18.4.23

A Gaffe dos budas

Dizem os estudiosos que:

De acordo com o folclore tibetano, um rei cruel do século XIX tinha uma língua negra, então as pessoas mostravam a língua para provar que não eram como ele, nem sua reencarnação, transformando o gesto - muito pouco ocidental -, num acto de cordialidade e de gentiliza.

Os estudiosos não dizem, no entanto, que o actual Dalai-Lama é uma tragédia recorrente a palrar inglês e que inúmeros são os constrangimentos provocados pelo uso errado de diversas palavras, do reino de Sua Majestade carrancuda, em contextos benevolentes que se incendeiam nas redes com estes tais lapsus linguæ.

Mas, meus queridos, apesar de ser proveitoso ter como certo que as atrocidades, as ignomínias, as selvajarias e as decapitações das infâncias e afins, são calamitosas descobertas cobertas em torno e em todas as orações, é conveniente reter que neste caso não vale balbuciar com um trejeito malandrinho apenso que até os passarinhos gostam, pois que há línguas velhas nas sombras das sacristias e debaixo dos altares e outra igualmente velha, mas diante de uma multidão.


Apesar de tudo, há diferenças substanciais que nos dizem que não é de todo agradável confundir línguas e as linguagens e há que ter em conta que, mesmo os budistas, sabem que - diria o sábio -, temos de ter imenso cuidado com a fúria dos homens pacientes e com as línguas dos homens sagrados - acrescento eu.
  
Posto isto, meus amores, e seja como for, aquilo foi horrível em todas as línguas.