Antonio Morano |
O lugar a que chamamos casa é aquele que nos iliba, que se inclina sobre a memória e que nos amansa as réstias de passado que despertam de súbito quando há distância.
Há longe e casa, pedaços de gestos soltos à toa, traços de estradas, riscos de janelas, lanços e declives, minúsculos esboços, linhas ou sulcos, delineados movimentos que mal vemos, mas que sacodem cá dentro as memórias do que foi e sobretudo a memória do que nunca aconteceu e que lamentamos não ter sido.
Regressar é como sentir o solavanco, o travão medonho, a interrupção daquele salto que trazia preso ao tornozelo a corda que nos salva antes do solo.
Regressar é como retomar o esquecimento.