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Michael Hussar |
A Gaffe abre as notícias e lê o anúncio da retirada breve da escultura de Cutileiro – e viva o 25 de Abril no Parque -, que, reza a história e a verdade, foi sempre susceptível de ser considerado uma pila tenebrosa que pode ferir a moral e os bons costumes de cada geração que por ali passa. Irá com certeza ser substituída - a pila de Cutileiro - por um arranjo monumental de flores virgens criado por Moedas em homenagem ao palco das Jornadas Mundiais da Juventude.
Pese embora as justificações – a pila corria o risco de desabar com a vibração das obras e humilhantemente perder toda a pujança -, a Gaffe fica abismada, até porque nenhuma piloca que se preze desaba com quaisquer vibrações por muito duras que sejam. O pasmo desta rapariga inocente deve-se ao facto de se poder concluir que pode andar à solta e disfarçada uma sinistra criatura que tem uma aversão patológica a esculturas que lembram pilas de pedra, giríssimas, que uma rapariga pode ver esguichar água, sem se lembrar de imediato de se enfiar numa banheira de espuma e relaxadamente passar uma esponja pelas maminhas - El cuerpo caliente; Um 'dolce far niente' Sem culpa nenhuma.
A Gaffe pode admitir que a obra não é uma das melhores pilas que já viu, mas agradará a qualquer padre mais artístico e, se nos socorrermos dos novíssimos conceitos de arte urbana, com algum esforço e montes de benevolência, até prima a podemos considerar.
Como a Gaffe é uma rapariga esperta, e neste momento está toda nua, agarrada a um creme depilatório fantástico que só não lhe arranca as sobrancelhas porque está com óculos de protecção laboratorial - e algodão entre as unhas dos pés que acabou de pintar de encarnado-puta, cor Verão de todos os anos -, vai perdoar a Cutileiro pela ofensa que causou ao Moedas e convidá-lo – ao Moedas, que Cutileiro não está para aqui virado - a acompanhá-la nesta tarefa hercúlea que é esperar que o creme depilatório surta efeito e oferecer-lho depois para ele barrar a partes pudendas, se caso as encontrar debaixo do irrisório letreiro que as oculta segundo as mais elevadas normas da decência.
O que uma rapariga gira tem de aturar dava uma novela mexicana, ou outra Jornada Mundial - de rezadeira juventude pelas justezas óbvias.
Logo a seguir, que uma coisinha má nunca vem só, a Gaffe depara-se com a partida para o além de Berlusconi.
No entanto, há que admitir que o papi tinha olho para as miúdas e desde que não façam gritar a canção do Quim Barreiros que nos dá conta dos odores que o cantor prefere e não se pareçam com a D. Odete, tooda a menina com este maroto até podia candidatar-se ao Parlamento. Aprenderia depois a ler com os mais velhos e sábios protectores que não faltariam à chamada e estariam presentes em todos os plenários. Apoplécticos, de gatas e babados, mas presentes.
Era uma posição correcta, esta de Berlusconi, que visava sanear o absentismo parlamentar. Ter, numa bancada qualquer, o manequim que se via a desfilar, com umas maminhas de fazer saltar tudo o que não mexe há muito tempo, umas pernas indestrutíveis de tão perfeitas, uma cabeleira do tipo deslumbrante e um fato assinado, nem que fosse a marcador, por um costureiro famoso, seria garantir que havia quórum. Depois é necessário acabar com julgamentos precipitados. Uma rapariga com as características aqui traçadas, não é forçosamente idiota. Pode ter uma certa tendência para tal, mas não distinta ou mais encarniçada do que a dos camafeus que vemos passar e que usam Nally - cinco € o litro -, para se evitar ouvir outra vez o sucesso do Quim Barreiros.
Podemos ser chiquérrimas, perfumadérrimas, belérrimas e ao mesmo tempo saber citar de cor e no momento certo Empédocles de Agrigento. Não é provável, mas é possível. Empédocles de Agrigento é um querido, um fofinho e muito badalado, no meio.
A Gaffe lamentou imenso que esta posição tão sensata não fosse também aplicada à ala masculina destes circos. Seria o ideal. Todas as raparigas espertas, teriam agradecido e prometído ser assíduas espectadoras da Fashion TV onde se passaria a legislar nos intervalos dos desfiles.
Já agora, para substituir Berlusconi, seria interessante eleger a tão desaparecida Fátima Lopes - para os despachos mais mimosos e com menos pano para mangas.
A Gaffe lamentou imenso que esta posição tão sensata não fosse também aplicada à ala masculina destes circos. Seria o ideal. Todas as raparigas espertas, teriam agradecido e prometído ser assíduas espectadoras da Fashion TV onde se passaria a legislar nos intervalos dos desfiles.
Já agora, para substituir Berlusconi, seria interessante eleger a tão desaparecida Fátima Lopes - para os despachos mais mimosos e com menos pano para mangas.