16.8.23

A Gaffe facebookiana


A principal razão que levou a Gaffe, já lá vão anos, a abandonar o facebook - para além do Tino de Rans lhe estar sempre a pedir uma cabra para o Farmville -, foi a quantidade de dramas e de pagelas que por lá se noticiavam em publicações repletas de hematomas de palavras.

Só voltaria se os que sofrem as tragédias que ali se anunciavam e publicavam – sobretudo as fotografias em férias e das férias - lhe prometessem que dariam notícia quando tudo regressasse à normalidade benfazeja. De contrário, como é bom de ver, a Gaffe ficaria eternamente preocupada, aflita, angustiada e muito deprimida com todo aquele sofrimento e boas-vontades publicados. Não dormiria nunca.

A outra razão, bem mais prosaica, era a ausência de um botão que lhe fazia imensa falta.

O who cares?! era imprescindível.

A Gaffe sentia a falta dele, quer para tocar as publicações atrás referidas, quer para assinalar as publicações das paisagens destruídas pela mira do fotógrafo, das vacances ou do churrasco na praia, quer ainda para marcar os santinhos luminosos com as frases lapidares de uma espécie de cristandade budista que acompanham as orações e os bons-dias da praxe.

A Gaffe ficava esgotada por não poder accionar este botão sobretudo naquelas doridas publicações de gente que sofre com o abandono da paixão e que ainda não percebeu que a melhor forma de prender o grande amor da nossa vida é enfiar-lhe 2 kg de cocaína na mala e chamar a polícia.

Sobram as clientes do mesmo botão contidas na invulgar colecção de frases passíveis de figurar em lugar de honra, pagelas floridas ou palco principal. A Gaffe considera que se deve exemplificar com pelo menos duas – uma velha e uma mais recente - que se destacam pelo seu mavioso conteúdo e pelo erro na atribuição do autor.

Um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para o ajudar a levantar-se.

A frase é atribuída erradamente a Gabriel García Márquez, mas pertence na verdade a Johnny Welch.

Já Oswald Spengler é realmente o dono de uma das pagelas favoritas desta rapariga tonta que a transcreve em francês por ser muitíssimo francês o conceito que contém.

L’honneur est une question de sang, non de raison. On ne réfléchit pas – sinon, on a déjà perdu l’honneur.

A Gaffe encontrou esta atribuída a Bonaparte. Benza-o Deus.