12.9.23

A Gaffe e o monstro


Nós, raparigas espertas, sabemos que cruzar com monumentais figuras masculinas, dignas de abrilhantar o cume do sagrado e do pagão, não é banal ou quotidiano. Habituamo-nos depressa a controlar e a dominar a frustração que é não poder saborear David Gandy todos os dias que passam.

Admitamos que a Bela, do belíssimo conto de fadas que me permite o trocadilho, tem a vantagem de estar cativa de um monstro com uma sensualidade bastante animal e um apelo erótico muito subtil.

Os homens das nossas histórias não parecem ter a força da mitologia.

Não são actualizações de Donald Draper – e quem o quer actualizado?! -, mas iniciam um processo bastante curioso nas nossas almas felinas e fazem-nos, por vezes, desejar com ardor colaborar nas dentadas. Podem não ser, não têm que ser, parte dos universos anunciados nos desfiles de futuras estações, à espera que surja no final o criador agradecendo com vénias estudadas, mas quem se importa?!

Apesar destes pormenores irritantes, são razoavelmente atractivos e sabem compor um ramalhete.

Há elementos que permanecem transversais quando se fala de beleza, de elegância e de inteligência e a sensualidade - que pode ser apanágio de qualquer colecção iluminada -, mas a ilícita volúpia que se esconde nas sombras daquilo que se torna sensual, não é passível de ser reproduzida em plástico ou reconstruída pela ideia criadora. Encontramo-la apenas, de surpresa, brutal e avassaladora, num canto qualquer das nossas vidas.

Será que se beijarmos os nossos pobres rapazes quotidianos, os transformamos em príncipes?