... de mulheres rentes ao soalho, com cabeleiras ossificadas, sorrisos
miudinhos, convencidas que são fadas, de alfinetinhos sempre prontos a tentar
furar a vida dos outros, que usam casaquinhos de malhinha demasiados
justos e sapatinhos de meio-tacão, que escrevem cuesia dedicada
ao Outono e que não deixam de marcar presença em saraus literários onde uma
catrefa de cuetas, de cuetisas e de cumancistas fazem
de conta que se dedicam às letras.
A Gaffe sabe que escondem estampas pornográficas nas folhas dos missais.
Aproximam-na dos abismos da irritação e esbardalham-lhe
a paciência. Sobretudo aquelas que usam um broche na lapela - um sítio onde é
desagradável ver um broche - e nos olham depois com aquele ar muito digno
e muito ausente de quem não mexe nunca numa palha... ou numa pila.
Gaffe - 2016